Humildade e o livre mercado

Alice Salles | 12 de novembro de 2013 |

Serge Schememann, o antigo editor da New York Times nascido na Rússia visitou sua terra natal nos anos 80.

Ao conversar com vários moradores de Moscou, Schememann notou que uma das anedotas que ele mais ouvia poderia servir como um bom índice da condição política e econômica do país na época. “O que é o comunismo?” Perguntava Serge. “Comunismo,” teriam respondido diversos moradores de Moscou “ é a rota mais longa e dolorosa do capitalismo para o capitalismo.”

Todas as nações que em alguma época se renderam ao comunismo tiveram que reavaliar seus princípios e, mais cedo ou mais tarde, acabaram direcionando suas políticas para a abertura do mercado.

Justamente porque o resultado de qualquer experimento econômico não pode ser previsto, as consequências de projetos grandiosos tocados pelo governo e bancados por capital oriundo de impostos, são geralmente desastrosas. Quando o governo toma iniciativas com o intuito de desenvolver projetos que respondam à necessidade do maior número de pessoas possível e em um tempo relativamente curto, consequências ou resultados possivelmente negativos são raramente avaliados. Benefícios imediatos são priorizados enquanto danos colaterais são ignorados ou encarados como riscos que valem a pena.

Quando projetos colossais que precisam de uma grande injeção de capital fornecido pelo Estado falham, os donos do projeto não sentem as consequências. Quem arca com a despesa e os possíveis danos é a população.

Quando o dono do capital decide investir seu dinheiro, tempo e dedicação para que um empreendimento qualquer dê certo, somente ele arcará com as despesas e possíveis danos caso o projeto não vingue. Justamente porque o futuro é incerto, fatores que fazem com que certos riscos pareçam valer a pena podem não ser o suficiente para se prever com segurança se um projeto é viável e vantajoso nos estágios iniciais de desenvolvimento.

A verdadeira desgraça do povo é viver sob o comando de um governo que tem a autonomia para iniciar projetos usando o dinheiro alheio, já que qualquer iniciativa governamental necessitará de grandes quantidades de  capital. Quanto mais capital o governo precisa para tocar seus projetos irresponsáveis, maior deverá ser a arrecadação. Quanto maior a arrecadação, mais pobre a população fica.

Qualquer projeto que visa impulsionar a economia deve ser encarado com a humildade de quem entende que, nem sempre as consequências podem ser previstas com antecedência, e nem todos os fatores serão constantes até que o projeto se viabilize.

O que idealizadores socialistas precisam é de humildade para entender que certos fins são inalcançáveis simplesmente porque o futuro é imprevisível. Deixe com que os riscos sejam assumidos por quem quer arcar com as consequências e deixe com que o povo consiga guardar mais do seu dinheiro.

 


Este artigo não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected] ou [email protected].

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