Kaike Souza | 21 de março, 2016
Neste ano foi lançado no Brasil o filme “A Garota Dinamarquesa”, o filme conta a história de renomado pintor que se sente preso dentro de seu corpo masculino e realiza a primeira cirurgia de mudança de sexo registrada.
Antes de sua estreia o filme causou um certo incômodo aos setores mais conservadores da sociedade que viram a exibição da obra como uma afronta aos valores éticos de uma sociedade que atualmente vive um conflito dicotômico entre progressistas e conservadores.
Dentro do meio liberal também vemos alguns membros defendendo que a transexualidade é fruto de algum distúrbio neurológico ou mero impulso repentino, porém esse discurso se torna incongruente com a ideologia liberal.
O liberalismo não é uma corrente meramente econômica. O liberalismo prega tão fortemente quanto a liberdade econômica as liberdades civis. Uma sociedade civil que evolui em liberdades econômicas e não progride em suas liberdades civis tende a transformar-se numa maquete publicitária de parte da ideologia liberal, como acontece em Singapura ou Dubai, onde existem normas de tratamento diferentes para turistas e locais, estes últimos convivendo com uma pesada mão autoritária do estado.
Como no caso relatado do filme, certos indivíduos não conseguem se encontrar nas paredes de seu corpo biológico e isso não é nenhum transtorno, apenas indivíduos que não se enquadraram na sua genética corporal. As cirurgias de mudança de sexo ou procedimentos hormonais, quando financiados por cada um independente do governo, é um ato legítimo e pouco importando ser imoral ou não, já que a moral é subjetiva, e não interfere na vida de terceiros. Regular ou taxar trans que passaram pelo procedimento é uma afronta à sua liberdade individual.
Adam Smith desenvolveu a Teoria dos Sentimentos Morais. Essa teoria basicamente se designava ao indivíduo colocar-se no lugar do outro que sofre um abuso e/ou sofrimento. Basicamente é a empatia que nos caracteriza como humanos. Então, reflita, se coloque no lugar de uma pessoa que não se identifica com o seu gênero, não se reconhece como homem/mulher e assim mesmo é submetida (o) a conviver com isso, por que outras pessoas com valores morais/religiosos que não lhe representam não aceitam que ela mude. Onde está a liberdade nisso?
Kaike Souza participou do Programa de Coordenadores do Students For Liberty.
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