Luan Sperandio | 01 de setembro, 2017
Era para ser um grande evento em Sergipe para divulgar as ideias da liberdade no âmbito acadêmico. Entre os palestrantes estava o professor Antony Mueller, grande referência da Escola Austríaca.
No entanto, o Liberty Open 2017 sofreu com a intolerância de alguns alunos, que buscaram boicotar e inviabilizar a realização do evento. Indivíduos mal-intencionados chegaram a espalhar que o evento fazia apologia a ideologia antiliberal do nazismo. Após a confusão, a faculdade cancelou o evento e até a OAB se pronunciou.
Quem esclarece para nós os ocorridos é Leonardo Lisboa, um dos organizadores do evento.
SFLB: Como foi organizada a Liberty Open?
LL: O Liberty Open 2017 foi pensado em uma parceria da JLT (Juventude Libertária da Tiradentes) com o ILISE (Instituto Liberal de Sergipe). As organizações citadas são representadas respectivamente pelas pessoas de Lucas Sampaio e minha.
A ideia da conferência sempre foi promover as ideias liberais/libertárias no ambiente acadêmico em um espaço historicamente ocupado pela ideologia esquerdista. Convidamos professores renomados, reconhecidos internacionalmente, como o Prof. Antony Mueller, membro do Mises Institute e referência internacional no tocante à Escola Austríaca de Economia.
Um grande público estava ansioso para essa conferência que certamente ficou conhecida como a maior conferência Liberal/Libertária do estado de Sergipe. Um evento aberto para todos os públicos, com entrada franca e livre acesso, independente da ideologia do indivíduo.
SFLB: Como foi a tentativa de atrapalhar a realização do evento e qual a postura da faculdade e repercussões disso?
LL: A tentativa de atrapalhar a realização do evento aconteceu sucessivas vezes, antes, durante e depois.
Desde a dificuldade imposta pela coordenação de Direito da Universidade em ceder os materiais necessários para realização do evento até alunos que de forma deliberada arrancavam os cartazes de divulgação com o claro intuito de boicotar o evento.
Durante a realização do evento, uma turma compareceu e desde o início ficou claro por todos que estavam presentes no auditório que eles queriam tumultuar, chegaram inclusive a proferir palavras de baixo calão contra os palestrantes e ao orador. Ao final do primeiro dia de evento, no momento destinado para perguntas da plateia, alguns indivíduos exaltados começaram a bradar palavras ofensivas no meio da sala e chegaram até a agredir um rapaz que apenas havia levantado a mão para fazer uma pergunta. Uma confusão generalizada se iniciou do lado de fora, sem o envolvimento de nenhum membro da organização.
A postura da Universidade depois do ocorrido foi suspender cautelarmente o 2º dia do evento, sem sequer ouvir o contraditório, uma decisão que causou uma série de ameaças graves e caluniosas contra os membros da organização do evento.
SFLB: De onde partiu esse boato?
LL: O boato sobre a tal marcha neonazista teve início na postagem pessoal de um dos militantes que compareceu ao evento, o mesmo indivíduo que proferiu palavras ofensivas e agrediu um aluno que apenas levantou a mão com a finalidade de fazer uma pergunta. Essa postagem foi apagada posteriormente do perfil, mas ela gerou uma repercussão negativa que ocasionou uma matéria falsa em um grande portal de notícias do estado de Sergipe, essa matéria taxava o evento e a organização do mesmo como propagadores do Nazismo, nota essa que também foi deletada pelo jornalista.
Depois de tudo isso, a OAB-SE, através de sua comissão de direitos humanos emitiu uma nota endossando o rótulo de neonazista ao evento e aos organizadores da Liberty Open. Vale salientar que essa nota foi deletada logo após toda a repercussão negativa que causou entre a comunidade Sergipana e advogados da própria instituição. Em nenhum momento dessas notas falsas, algum membro da organização foi ouvido para apresentar seu ponto de vista.
SFLB: Parte do público apoiou a JLT?
LL: Sim, inúmeras manifestações positivas foram direcionadas ao movimento e aos organizadores do mesmo. Nas próprias notas lançadas pelo portal de notícias, pela Universidade e pela OAB-SE era possível encontrar uma centena de mensagens solidárias ao evento e indignadas com toda a repercussão negativa que foi gerada a partir de uma ‘’fake news’’, críticas ao coordenador do curso de Direito e sua postura parcial também foram levantadas pela comunidade acadêmica.
SFLB: Quais medidas a Juventude Libertária de Tiradentes pretende tomar?
LL: Nós estamos conversando com nosso advogado constantemente e estamos avaliando as condições para entrar com processo contra alguns indivíduos que usaram as redes sociais para destilar o ódio contra os organizadores do evento.
Entraremos ainda com um pedido de instauração de uma comissão disciplinar que leve à julgo os alunos causadores do tumulto que são alunos da Universidade onde o evento ocorreu e estamos buscando judicialmente uma nota de retração das instituições que divulgaram o evento como sendo promotor de uma marcha Neonazista, partindo de uma notícia falsa. Sabemos que ser nazista é crime, no entanto, imputar o rótulo de Nazismo em um indivíduo ou instituição sem prova, também configura crime previsto no código penal.
SFLB: Quais os projetos vocês tem futuramente?
LL: A JLT em parceria com o ILISE possuem alguns planos para os meses seguintes. Nós estamos pensando em promover um evento mensal com uma estrutura logística menor, promoção de grupos de estudos dentro da universidade, realização de debates acadêmicos com professores e alunos, todas essas iniciativas sempre pautando as ideias Liberais/Libertárias tão salutar para um ambiente acadêmico saudável e realmente plural.
Esta entrevista não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected].