Subversão linguística: a estratégia intelectual dos agressores

Subversão linguística: a estratégia intelectual dos agressores

Uriel Bueno | 14 de dezembro, 2017

Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força” – (1984 -George Orwell)

A mais eficiente e duradoura estratégia dos amantes da agressão tem sido a de subverter termos linguísticos com o intuito de ludibriar, desinformar e impor determinada agenda coerciva, fazendo com que as pessoas aceitem e até defendam práticas criminosas, que são justificadas através de expressões linguísticas suaves e convidativas.

A novilíngua orwelliana transformou o escravo em contribuinte, o genocídio em política externa, o roubo em contribuição, a escravidão em contrato social, o sequestro em ressocialização, o parasita em burocrata, o crime organizado em partido político, o criador de riquezas em explorador, a destruição de riquezas em ‘estímulo a monopólios nacionais’, privilégios em direitos positivados, falsificação fiduciária em política monetária, monopólios em ‘medidas anti-monopólio’, educação em reservas de mercado, compulsão em assistencialismo e legítima defesa em crimes subversivos, como sonegação, contrabando, desacato e até o ‘crime’ de portar armas não-licenciadas por burocratas.

O efeito mais drástico dessa subversão foi o establishment do sistema estatista como algo imutável e natural, como se tal modelo de compulsão sistemática fosse algo intrínseco à sociedade e aos indivíduos (e não uma motivação parasítica de uma minoria da sociedade).

Os aliados do establishment

Os maiores aliados do estatismo e da sua expansão foram aqueles grupos formadores de opinião que se beneficiavam de monopólios institucionais, subsídios e reserva de mercado (intelectuais pró-estado, grande mídia, complexo militar, banqueiros de reserva fracionária, setores estratégicos estabelecidos e professores acadêmicos).

A aliança entre o estado e as corruptas casta inatelectual, industriais subsidiados e a grande mídia foi progressivamente moldando a mentalidade na sociedade através da manipulação linguística e de técnicas cotidianas de lavagem cerebral.

Mensagens diárias exaltando a nação e o estado fizeram com que as pessoas artificialmente se identificassem com seus governos, a disputa entre gangues estatais se torna a disputa entre sociedades inteiras, a exaltação diária do nacionalismo na mídia e no recém cartelizado sistema de educação obrigatória do início do século XX moldaram o pensamento de gerações para que as maiores guerras e atrocidades da história fossem realizadas, justificadas e financiadas, tal devoção ao estado-nação serviu para mascarar os objetivos keynesianos de estímulo aos grupos ligados ao estado corporativo (complexo militar-industrial e banqueiros de reserva fracionária) e também para implementar as facetas da política estatal que perduram até hoje, em um cenário fictício de oposição ideológica (fascismo x socialismo) e de temor constante para justificar o estado policial e retirar progressivamente nossas liberdades e direitos individuais.

O libertarianismo surge em oposição à essa mentira que é a política do estatismo e toda sua dedicação irracional à agressão e ao monopólio, os libertários vieram para mostrar que o rei está realmente nu e desmascarar todas essas artimanhas linguísticas usadas pela elite intelectual subsidiada.

Conclusão

A descentralização do capitalismo e do risco, resultado das novas tecnologias interativas representa um novo paradigma aos velhos sistemas corporativos dependentes do monopólio estatal, está se aproximando o momento em que os grupos responsáveis pela expansão do estatismo serão cooptados pelo mercado, a universalização dos mercados e de tecnologias alternativas apresentam um grande perigo aos sistemas de monopólio educacional, fiduciário e midiático existentes e dependentes da agressão, as leis econômicas apontam que o agorismo triunfará devido ao previsível colapso econômico de sistemas centralizados sem a alocação racional de recursos, cada vez mais se torna visível e claro que os monopólios estatais estão tecnologicamente obsoletos e que o mercado não precisa de intermediadores e que sem eles a tendência natural é a redução do preço, maior diversidade, eficiência, inovações constantes, criação de riqueza e o aumento no acesso a bens e serviços à população como um todo.

É visível um grande descontamento no mundo inteiro contra todos os intermediadores de serviços e seus respectivos ‘representantes’, o estado está inchado em todos os lugares, e os cortes geralmente ocorrem primeiro no ‘setor social’, o que aumenta a instabilidade desses monopólios e o descontentamento da população, como também daqueles grupos populares que historicamente apoiaram o estatismo.

Os libertários têm um longo caminho pela frente, tanto no campo das ideias como no campo das ações, e apesar desse cenário apresentado ser animador a longo prazo, ainda sim é muito fácil e até provável que os ciclos econômicos resultados da expansão artificial de crédito gerem uma demanda ainda maior pelo estatismo, pois é natural e esperado que os grupos estabelecidos continuem à ignorar as leis econômicas e utilizar da manipulação linguística e monetária em seu proveito, e por isso devemos continuar firmes nos campos tecnológico e das ideias, que é onde venceremos e conseguiremos o apoio da maioria da população.

Uma das estratégias libertárias mais importantes no front intelectual é desfazer, sempre que possível, toda a mística da novilíngua orwelliana e começar a chamar as atitudes e ações dos governantes, estados e corporações para-estatais por aquilo que realmente são: crimes legalizados, monopólios baseados em restrição e agressão sistemática aos direitos naturais.

Devemos fazer o processo inverso dos estatistas e chamar as coisas pelo seu respectivo nome, sem eufemismo e com convicção em nosso ideal.


Uriel Bueno participou do Programa de Coordenadores do Students For Liberty

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