Como estudantes liberais devem lidar com professores esquerdistas

Como estudantes liberais devem lidar com professores esquerdistas

Diogo Costa | 31 de agosto de 2015 
Foto por Tookapic

O establishment acadêmico do Brasil é de esquerda. Os alunos podem passar um curso universitário inteiro sem perceber que aquilo que lhes está sendo apresentado como consenso intelectual não passa de propaganda ideológica, o que dificulta a vida daqueles que percebem o que está acontecendo.

Estudantes liberais tendem a se sentir isolados. E este é um dos motivos do Students For Liberty Brasil existir. Fornecemos treinamento, recursos e networking para liberais que estão nas universidades e escolas. Você pode fazer sua inscrição clicando aqui.

Aqui vão alguns pontos que podem ser úteis para a vida universitária de estudantes liberais:

1. Aprenda os fatos

Os libertários normalmente se apóiam em primeiros princípios, e é importante que nosso entendimento das ciências sociais não seja alicerçado em contingências e proposições vagas. Mas isso não substitui o conhecimento dos fatos sobre assuntos específicos.

Um liberal radical pode responder a todas as questões políticas com um “não cabe ao governo fazer X”, mas, se ele não entender como proceder com determinada reforma, ou como o mercado substituiria uma determinada função do governo, pode facilmente perder uma discussão e passar a impressão (às vezes correta) de que sua crença não passa de uma teimosia.

Enriqueça suas explicações com exemplos da história de diferentes sociedades que ilustram a aplicação de seus princípios. Seus argumentos se tornarão mais convincentes e sua compreensão do liberalismo mais apurada.

2. Aproveite sua vantagem comparativa

Não tenha medo de usar as ferramentas intelectuais que o liberalismo pode oferecer.

Em questões econômicas e políticas, os liberais conhecem hipóteses não consideradas pela maioria dos professores. É muito difícil produzir algo diferente quando se está preso dentro de uma mesma doutrina.

Aproveite os insights liberais para destacar os seus trabalhos do resto da multidão. Uma idéia surrada como a “luta de classes” marxista pode ser desmontada e substituída pela sofisticação da análise dos grupos de interesse a partir da escola de Escolha Pública.

Se você apresentar suas idéias de forma razoável e bem fundamentada, o liberalismo pode dar ao seu trabalho acadêmico um vigor que o professor não achará em outros alunos.

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3. Trate os professores como objeto de estudo

O esquerdismo acadêmico é um fenômeno social. Estude-o como tal. Receba os discursos de esquerda com aquela “suspensão voluntária da descrença” (awilling suspension of disbelief proposta por Samuel Taylor Coleridge) com que lemos obras de ficção.

Tente entender como seu professor chegou às suas convicções, quais são seus pontos mais fracos, qual a formulação mais consistente de seus argumentos. Separe os erros distintivos da vagueza incoerente. Conheça o outro lado tão bem a ponto de conseguir reproduzir o seu discurso melhor do que seus professores.

Apenas conhecendo bem seus oponentes intelectuais você conseguirá agir com estratégia e certeza.

4. Aprenda a discutir

Vencer uma discussão não é simplesmente obter o convencimento absoluto e incondicional da outra parte. Se você for viver esperando que as pessoas se desmontem perante a força de seus argumentos, sua vida será repleta de frustrações.

O que você pode fazer com relativo sucesso é trazer as pessoas um pouco mais perto de você, como fazer com que o comunista se torne um pouco cético ou com que o social-democrata ache que os liberais entendem alguma coisa do que falam. Quando se trata de professores, até essa modesta aproximação pode ser impossível, mas a discussão em sala de aula pode servir para atrair os demais alunos.

5. Aprenda a não discutir

Discussões intermináveis em salas de aula distanciam os outros alunos e alienam os professores.

Ninguém tem o dever moral de consertar todos os erros intelectuais que encontra pela frente. Como os liberais normalmente têm um horizonte intelectual mais amplo do que a maioria das pessoas e dos professores, eles percebem uma maior quantidade de incoerências e inconsistências.

Não ache que é sua missão responder a todas elas. Esses erros são tão corriqueiros que você teria que dedicar a sua vida inteira a simplesmente corrigi-los, enquanto poderia usar sua energia e capacidades com atividades mais importantes e até mais eficientes de promover a liberdade.

6. Ouça o que eles têm a ensinar

Os libertários tendem a desmerecer seus professores. Sentem-se superiores por conhecer argumentos e autores que eles não conhecem, por considerar soluções que eles não consideram e, principalmente, por ouvir em seu discurso uma repetição chata, manjada e falaciosa. Mas os erros intelectuais, ou até as falhas de caráter, não significam que os professores de esquerda nada têm a nos ensinar.

Entenda do que eles falam. Isso não significa se esforçar para tentar ser convencido, mas para tentar saber o que eles sabem. Os professores são seus professores porque, em áreas específicas, eles sabem mais do que você.

Há matérias em que os professores de esquerda têm muito pouco a oferecer. Um marxista não tem muito o que ensinar de economia assim como um curandeiro não tem muito a ensinar de medicina.

Mas na maioria dos assuntos, a crença ideológica pode coexistir com o conhecimento verdadeiro. O estudante deve ouvir tudo o que seu professor fala, discernir o que é propaganda do que é conhecimento, e guardar o que for bom.

7. Entre para o SFLB

Se tornar uma liderança do SFLB significa ter acesso a recursos, contatos e treinamentos que farão você construir um futuro livre. Você poderá transformar toda a sociedade a partir do seu campus ou escola.

O SFLB funciona como uma rede de estudantes pró-liberdade das mais variadas histórias e dos mais diversos lugares. Nós trabalhamos com uma miríade de organizações de diferentes posições dentro do espectro da liberdade.

No Programa de Coordenadores do SFLB você terá:

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Diogo Costa é bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis, mestre em Ciência Política pela Universidade de Columbia, doutorando pela London School of Economics, presidente do INDIGO, e membro do Conselho do Students For Liberty Brasil (SFLB).

Referências ao SFLB foram adicionados pelo editor – e não pelo autor original.

Este artigo não necessariamente representa a opinião do SFLB. O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected] ou [email protected].

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