Jack Enright | 20 de setembro, 2014
O comediante George Carlin finalmente conseguiu o reconhecimento que merece em sua cidade natal: um quarteirão de Manhattan com o seu nome . O bloco 400 da rua 121 foi rebatizado de “Via George Carlin” depois de Kevin Bartini, que aquecia o público do The Daily Show, esforçar-se por vários anos. Bartini percebeu que Carlin não tinha recebido nenhuma homenagem no local onde cresceu e atravessou uma série de obstáculos postos pelo governo local, lutando, ainda, contra o reverendo da Igreja Católica Corpus Christi, que fica no mesmo bloco que conheceu e desprezou Carlin.
O calvário de Bartini é uma homenagem a Carlin: uma batalha contra o governo e a religião organizada. Embora a igreja e a casa onde o jovem Carlin morou estivessem no bloco 500, um acordo foi firmado para mover os sinais um quarteirão abaixo. Como o comediante Colin Quinn observou, “É como uma solução antiga de bairro: Mova-o para baixo. Lute lá. George iria adorar“. Bartini respondeu: “Simbolicamente, o sinal está pendurado em outro lugar só porque os poderes não querem que você saiba quem George Carlin foi ou o que ele disse. Isso consolida ainda mais o ícone da contracultura ele foi. E ainda é.”
A estreia de Carlin na comédia remonta à década de 1960, quando ele apareceu no Tonight Show com Johnny Carson e no Ed Sullivan Show. Ele começou como um humorista elegante, usando um terno skinny-tie típico da década, mas rapidamente mudou de rumo durante o apogeu do movimento hippie, desfazendo sua imagem em favor de um tipo mais obscuro de comédia.
Em 1972, essa mudança ganhou atenção nacional e levou ao que viria a ser um retrocesso tanto para ele, comediante, como para as liberdades civis de todos os americanos. Seu monólogo infame, Sete palavras que não se pode dizer na televisão, foi transmitido em uma estação de rádio de Nova York. John Douglas, um membro do grupo anti-pornografia Morality in Media, estava escutando a estação com seu filho de 15 anos de idade. Apesar de um aviso ter sido veiculado alertando sobre a linguagem ofensiva que seguiria, Douglas não mudou a estação.
Em vez disso, ouviu o monólogo e, posteriormente, entrou com uma reclamação junto à FCC. Este caso, FCC v.Fundação Pacifica, foi para a Suprema Corte, onde a FCC ganhou por 5-4, decisão apertada na qual a mídia “indecente”, mas não “obscena”, pode ainda ser regulamentada pela FCC.
Em uma entrevista com Larry King, Carlin recorda como o governo “fez uma nova categoria de sujeira para mim. Não foi ‘obsceno’ … ‘indecente’“. Apesar de outros comediantes, como Lenny Bruce, também terem sido presos por conteúdo obsceno em seus stand-ups rotineiros, um vago estatuto do FCC passou estritamente para o Supremo Tribunal o controle sobre as decisões dos tribunais de apelação anteriores, o que deu ao governo poder para regular uma grande variedade de matérias sobre o público.
Além de ser um dos maiores comediantes de stand-up de todos os tempos, as críticas de Carlin ao governo e à religião organizada extrapolaram os limites do que constituía um humor aceitável. Além das polêmicas, ele também tinha um repertório respeitável de monólogos e tiradas. Certa vez, ele recebeu fortes aplausos quando disse a uma platéia: “Eu vivo de acordo com certas regras. A primeira delas: Eu não acredito em nada que o governo me diz. Nada. Zero.” Ele também transcendeu a dicotomia esquerda-direita, criticando o esforço da esquerda para “salvar o planeta” e ao mesmo tempo criticando a cruzada contra o aborto da direita.
Claro que ele também criticou o libertarianismo. Disse: “Uma das mais pretensiosas autodenominações políticas é a ‘libertária’. As pessoas pensam que ela os coloca acima do combate. Parece moda e, para os leigos, é vagamente perigosa. Na verdade, é apenas mais uma filosofia política besta“. Embora ele provavelmente tenha errado em decorrência do percebido elitismo intelectual do libertarianismo, seus monólogos, no entanto, fizeram muitas pessoas reconsiderarem as suas opiniões sobre questões importantes, frequentemente para algo mais ponderado e para posicionamentos pró-liberdade.
A despeito de Carlin ter morrido em 2008, seu legado e controvérsia vivem até mesmo no quarteirão onde fica a rua em que cresceu. Ele será lembrado como um herói improvável para a liberdade, aquele que não tinha medo de dizer o que pensava a fim não apenas de entreter, mas também de fazer as pessoas pensarem. Quando as pessoas param no quarteirão 400 da rua 121 e são introduzidas pela primeira vez ao nome de George Carlin, elas são expostas a uma nova maneira de pensar sobre o mundo: a via George Carlin.
Jack Enright é campus coordinator do Students For Liberty.
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