João Bastos: “não há beleza em proibir as pessoas de simplesmente serem livres”

João Bastos: “não há beleza em proibir as pessoas de simplesmente serem livres”

Luan Sperandio | 04 de abril, 2017

João Pedro Machado Vieira Bastos é estudante de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o novo presidente do Instituto Atlantos. Nesta entrevista, ele nos conta sobre a expectativa para a II Conferência Atlantos, que se realizará nos dias 8 e 9 deste mês, em Porto Alegre/RS.

SFLB: Como foi a I Conferência Atlantos?

João Pedro Machado Vieira Bastos: A I Conferência Atlantos foi o primeiro grande evento do Instituto Atlantos, realizado nos dias 9 e 10 de Abril, na PUC. O evento contou com mais de 300 participantes, que vieram assistir palestrantes como Yaron Brook, Stephen Hicks e Helio Beltrão. Ao todo, foram 8 palestrantes, sendo 3 internacionais, ao redor do tema “A Menor Minoria da Terra”.

SFLB: A II Conferência Atlantos tem como tema os 100 anos da Revolução Soviética. Por que escolheram essa temática?

João Pedro Machado Vieira Bastos

João Pedro Machado Vieira Bastos

JB: O tema surgiu durante um brainstorming, em virtude dos 100 anos de seu aniversário. Na verdade, a Revolução Russa não será tema central, mas servirá como um ponto de partida para as discussões na Conferência. Como o tema sugere – “1917-2017: da Revolução do Estado à Revolução do Mercado” -, queremos contrapor as ideias que geraram o modelo soviético e suas consequências ao que chamamos de “revoluções silenciosas” de hoje em dia, entre elas podemos destacar o atual patamar de eliminação da pobreza e diversas inovações disruptivas na economia, por meio do uso de novas tecnologias. Portanto, ao mesmo tempo que discutiremos a Revolução Russa e suas consequências, também queremos traçar as mudanças institucionais e das ideias que nos trouxeram até o Brasil, e o mundo, de hoje.

SFLB: Por que o Socialismo, mesmo após tanto tempo, ainda fascina nossos jovens?

JB: Eu diria que apesar de ser uma resposta complexa, ela pode ser resumida com uma frase: as pessoas não sabem o que é socialismo – e isso, é claro, tem diversas implicações.

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É essencial entender que o socialismo, antes de tudo, não é a mesma coisa que igualdade. Igualdade até pode ser o objetivo do socialismo, mas obviamente, existe um grande gap entre você desejar alguma coisa e ela, de fato, virar realidade. A partir disso, as duas implicações mais óbvias me parecem ser uma político-econômica, e uma cultural. A político-econômica passa por não entender que Marx não foi deturpado; quer seja Stálin ou qualquer outro, o socialismo acabará em fome, miséria e totalitarismo. Mesmo que tivéssemos anjos no poder, eles não conseguiriam governar e coordenar os milhões de desejos subjetivos e dispersos de milhões de indivíduos. A boa teoria econômica é consensual nesse sentido.

Na cultura, o Socialismo, na melhor das hipóteses, ainda é visto como uma ideia bonita, mas que não dá certo na prática. Ainda há uma ideia de que, se você é de esquerda você é a favor dos pobres e detém o monopólio das virtudes, uma ideia que é muitas vezes transmitida por professores desde pequenos. A tudo isso, adicione uma pitada de um espírito revolucionário e um modo de pensar onde a emoção sobrepõe a razão e os fatos, e pronto. Mas precisa se questionar sempre: qual a beleza de guiar as massas para chegar a um objetivo “comum”, mesmo que elas não queiram ser guiadas e não concordem com o objetivo “comum”? Qual a beleza de proibir as pessoas de simplesmente serem livres para escolherem seus próprios destinos? Qual a beleza da concentração de poder e do planejamento central, onde governantes mexem as pessoas como peças de xadrez a seu bel prazer?

SFLB: Está especialmente ansioso para alguma palestra?

JB: Pessoalmente estou ansioso pela palestra do Tom Palmer, não é todo dia que temos um gigante do liberalismo por perto. Outro que quero muito ver é o Augustin Etchebarne, já que ainda não tive oportunidade de ver uma palestra dele, então será inédito. Mas todo o time de palestrantes é sensacional, todos foram escolhidos a dedo para que possamos ter uma abordagem multidisciplinar do tema: teremos palestrantes das áreas de economia, direito, políticas públicas, ciência política, história e filosofia.

Arte de divulgação da II Conferência Atlantos

SFLB:  Por fim, qual legado vocês esperam deixar com o evento? 

JB: O evento promete muito! Os ingressos se esgotaram quase um mês antes! A Conferência deste ano também conta com a co-organização do Acton Institute, então estamos ambos ansiosos trabalhando para que possa ser um final de semana muito produtivo para discutir as ideias de liberdade, as consequências do socialismo, entre tantos outros aspectos do futuro da sociedade.

Aliás, a Conferência é um dos eventos da Semana da Liberdade, que congrega o 30º Fórum da Liberdade (que este ano discute o futuro da democracia), promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e eventos do Instituto Mises Brasil, da Fundação Friedrich Naumann para a Liberdade, e da Foundation for Economic Education (FEE). Então, dessa forma, não teremos apenas o final de semana, mas uma semana inteira de discussões de alto nível. Esperamos que o legado dessa Conferência seja o que trabalhamos sempre: ideias.

SFLB: Como o Instituto Atlantos é estruturado e quais as suas principais ações? Vocês aceitam voluntários?

JB: O Instituto Atlantos foi fundado em 2015 e busca difundir as ideias de liberdade e os valores de uma sociedade livre, focando especialmente em estudantes universitários. Dessa forma, atuamos em 5 universidades de Porto Alegre (UFRGS, PUC-RS, ESPM-Sul, FMP e Fadergs) promovendo palestras, grupos de estudos e diversos eventos – todos gratuitos e abertos ao público. Também temos nossa página do facebook que produz conteúdo diário trazendo os maiores pensadores do liberalismo. Além disso, esse ano teremos novos projetos, como cursos online, a produção e review de políticas públicas e também uma revista acadêmica, para artigos científicos.

Sim, aceitamos voluntários! Se você morar na região de Porto Alegre, compareça aos nossos eventos e/ou entrar em contato pela página do Facebook que estaremos felizes em conversar. Além disso, publicamos artigos constantemente, então, se você gosta de escrever, mande pra gente (aqui você entende como).


Esta entrevista não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected].

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