SFLB Entrevista – Thaiz Batista: “precisamos de mais mulheres líderes para servirem de inspiração!”

SFLB Entrevista – Thaiz Batista: “precisamos de mais mulheres líderes para servirem de inspiração!”

Luan Sperandio | 08 de março, 2017

Thaiz Batista, 24, tem uma das trajetórias mais interessantes do movimento liberal. Mineira, iniciou sua jornada no Ibmec – “a ilha feliz”, como se refere Adriano Gianturco – cursando Relações Internacionais.

Nessa entrevista ela nos conta como suas atividades voluntárias e extracurriculares deram espaço a profissionalização (atualmente ela mora em São Paulo, integrando como assistente operacional a equipe do Instituto Mises Brasil), bem como suas análises do movimento liberal e planos para o futuro.

Students For Liberty Brasil: Como você conheceu e começou a participar do movimento liberal?

Thaiz Batista: Eu cursei Relações Internacionais no Ibmec em BH, já no meu primeiro período da faculdade, em 2011, eu tive aula com o Diogo Costa. Logo depois ele começou o Grupo de Estudos Liberalismo e Democracia (L&D), foi quando eu formalmente conheci o Liberalismo. O L&D é um grupo com perfil bem acadêmico, eu tive a oportunidade de aprender com Adriano Gianturco, Claudio Shikida, Lucas Mafaldo, Ari Francisco Araujo, Lucas Azambuja, Reginaldo Nogueira e outros excelentes professores que contribuíram para a minha formação.

Durante os primeiros anos na faculdade acabei me envolvendo em várias outras atividades extracurriculares, organizando palestras e eventos. Mas foi em 2014, logo depois de ter organizado o TEDxIbmec que me convidaram para ser Coordenadora Estadual no Espírito Santo no Programa de Coordenadores, foi quando meu trabalho voluntário no movimento liberal deixou de ser esporádico e virou grande parte da minha rotina.

SFLB:  Como você vê o crescimento do movimento de lá para cá?

TB: Quando eu comecei todo mundo se conhecia, principalmente em BH. Era fácil reconhecer um liberal em outras regiões também. Hoje isso já não é mais possível. Depois do Encontro da Rede Liberdade eu pude perceber o tanto que crescemos e como as novas pessoas e institutos estão fazendo a diferença. Já estamos conseguindo fazer a diferença no Brasil e eu enxergo isso como combustível para quem está começando ou já está há muito tempo ajudando.

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SFLB:  quais projetos que você criou/colaborou e que a deixam mais orgulhosa?

TB: Eu tenho um enorme carinho por todos os projetos que executei ou ajudei a executar, todos eles foram partes importantes da minha formação pessoal e principalmente profissional. Os três projetos que mais saltam á minha mente são: o meu período como Coordenadora Estadual do Espírito Santo, o Libertrip e o I Encontro da Rede Liberdade.

Quando comecei a coordenar o ES, eu não tinha muita experiência, muito menos em gestão à distância. Foi com muita dedicação que eu consegui formar uma equipe pequena, mas muito boa de serviço, e que alavancaram as atividades em Vitória. Hoje, meus amigos capixabas estão fortes com o Grupo Domingos Martins e estão expandindo atividades para o interior, sou muito feliz por fazer parte dessa história desde o inicio.

O Libertrip foi o projeto de mentoramento que iniciei. Comecei para compartilhar um pouco da minha experiência internacional e como conseguir desenvolver um currículo com valor profissional a partir de oportunidade no movimento liberal no mundo todo.  Em poucos meses o Libertrip já havia crescido e mostrado resultado melhores do que eu poderia ter imaginado no inicio das atividades. Durante esses quase dois anos foram mais de 150 viagens para seminários, estágios, Call for Papers e tivemos recentemente até um aprovado em Doutorado (com bolsa!) em um das melhores universidades dos EUA. O Libertrip agora consta com uma equipe fantástica, nos estamos tirando do papel algumas boas ideias e parcerias.

O Encontro da Rede Liberdade que ocorreu em novembro de 2016 foi organizado pela nossa equipe operacional no Instituto Mises Brasil. Desde o inicio do projeto já sabíamos que seria desafiador, tínhamos 3 meses para organizar toda a logística do evento e ainda trazermos para São Paulo os cem participantes e os palestrantes. Nós já tínhamos experiência em organizar eventos, mas o maior desafio desse foi trabalhar em total harmonia para que nada ficasse pendente. Paralelo a organização desse evento, ainda tínhamos todas as atividades rotineiras do IMB e a organização do Jantar de final de ano para os doadores do Instituto. Ambos os eventos tiveram um excelente feedback e foram encerrados com gostinho de trabalho bem feito.

SFLB:  Você começou a atuar em associações liberais como estudante, mas como foi a transição disso para passar a atuar profissionalmente no que antes era uma atividade voluntária?

TB: Durante todo o meu período de voluntária no movimento estudantil eu aprendi muito, conheci muitas pessoas e estabeleci um networking fantástico.

Quando formei eu estava trabalhando com fundraising, mas estava focada em seguir carreira acadêmica, por isso me mudei para os EUA para me preparar para o mestrado. Passei uns meses estudando para o GRE (é como se fosse o vestibular para mestrado e doutorado nos EUA) e participando de diversos cursos e seminários. Mesmo morando fora, continuei cuidando do Libertrip e acompanhando o movimento liberal brasileiro e americano.

Quando a vaga para trabalhar no Instituto Mises Brasil abriu, meu nome foi um dos indicados e, claro, eu não resisti: morar em São Paulo, estar perto da família e amigos novamente, trabalhando em um dos melhores e maiores Think Thanks do Brasil e que eu tanto admiro.

SFLB:  A que se deve o gender gap no movimento liberal brasileiro? Isso é uma tendência em outros países ou aqui isso é maior? Como podemos melhorar isso?

TB: Quando se inicia o debate de gender gap no Brasil, os dois argumentos que se destacam são:

  • homens libertários são hostis;
  • mulheres tendem a ser mais empáticas, que, presumivelmente, leva as mulheres a apoiarem assuntos sociais, onde infelizmente a esquerda ainda domina a agenda;

Talvez para algumas mulheres essas sejam as razões para afastamento. Mas como sabemos, respostas coletivas não justificam a individualidade de cada um. Não acredito que o gender gap tenha uma ou algumas variáveis causadoras, mas sim a junção de várias variáveis complexas.

Esta é uma tendência em outros países também, apesar de não saber o quão discrepante esse gap é em comparação ao Brasil.

Encontramos em alguns países da América Latina, como o Chile e nos EUA, algumas instituições voltadas somente para o público feminino. No Brasil já vi surgir e desaparecer vários desses projetos. Foi com o crescimento do movimento que aconteceu o crescimento orgânico de número de mulheres, genderqueer etc. consequentemente uma retomada de atividades voltada para esse público. Talvez essa seja uma das soluções para atrair mais mulheres. A página Libertarianismo de Salto 15, por exemplo, parece estar dando bons resultados.

Pessoalmente, acredito que precisamos de mais mulheres líderes para servirem de inspiração. Precisamos de mais Isabel Paterson, Rose Wilder Lane, Ayn Rand, Margaret ThatcherDeirdre McCloskey, assim como mais lideranças presentes em nossos eventos. Os IFL‘s já tem um histórico de boas lideranças femininas, e elas serviram (e ainda servem) de inspiração para mim.

SFLB:  Recentemente você ajudou na organização do Mises Summer School. Quais os próximos projetos do Instituto Mises Brasil que você está planejando e executando?

TB: Esse ano o Instituto Mises Brasil completa 10 anos de atividades. Para celebrar esse aniversário estamos com nossa agenda de eventos a todo vapor. Nesse primeiro semestre estamos empenhados na V Conferência em Escola Austríaca que irá acontecer dias 12 e 13 de maio, aqui em São Paulo. Já temos alguns palestrantes internacionais confirmados e posso dizer que são demais!

Thaiz Batista no Mises Summer School

Thaiz Batista no Mises Summer School

Também estou organizando a participação do IMB nos Fóruns da Liberdade, especialmente no que irá acontecer em Porto Alegre. Teremos palestras em paralelo com o cronograma do evento. Também estou cuidando das atividades operacionais da Rede Liberdade e do lançamento da Revista Mises, a 7ª edição será lançada na Conferência assim como terá disponível todas as edições passadas.

Além dos eventos e cursos, esse ano teremos grandes lançamentos de livros. A nossa nova editora, LVM, consta com 15 novos livros programados para esse ano. São traduções inéditas para o português e títulos que vinham sendo demandados há muito tempo. Também foram feitas revisões das obras mais vendidas. Já nos próximos meses teremos novas e melhores edições de “As Seis Lições”, ” A lei” e um pouco mais para frente o tão esperado “O caminho da Servidão”.

SFLB: Quais seus próximos objetivos profissionais? Seguirá carreira acadêmica, trabalhará com think tanks, iniciativa privada ou no setor público?

TB: O meu coração é acadêmico, mas por enquanto pretendo continuar trabalhando com think tanks. A experiência que estou tendo no IMB me ajuda tanto a desenvolver habilidades de gestão e liderança quanto aprofundamento acadêmico: mesmo com tantas atividades eu consigo conciliar com os meus estudos e pesquisas. Desenvolvendo habilidades que me qualificam para o curso de mestrado que tenho como objetivo.

Não acredito ter perfil para setor público e sai da iniciativa privada para think tank. Apesar de não me enxergar trabalhando nesses dois setores, a vida é cheia de Black Swans.

SFLB:  Como você enxerga o Brasil em 2030 e como você gostaria que ele estivesse?

TB: Daqui 13 anos eu enxergo o Brasil bem melhor que a nossa versão de 2004, há 13 anos atrás. Eu sou uma eterna otimista, espero que a onda de privatização que está passando por São Paulo multiplique e amplie para todo o Brasil.


Esta entrevista não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected].

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