Ivanildo Santos Terceiro | 30 de março de 2017
Sete cartéis batalham ferozmente pelo controle do tráfico de drogas na fronteira México-Estados Unidos: Sinaloa, Los Zetas, Gulf, Juarez, Cavaleiros Templários, La Familia, e Tijuana.
Poderosos, bem armados, e com dinheiro sobrando, os traficantes montavam verdadeiros reinos dentro das suas comunidades; literalmente decidindo quem iria viver ou morrer.
As coisas pareciam estar destinadas a serem sempre assim, até que os principais clientes dos traficantes mexicanos, os consumidores norte-americanos, decidiram em massa legalizar o consumo e cultivo de maconha para fins recreativos. Hoje, mais americanos vivem em estados com legislações liberais do que o contrário.
A concorrência fez com que os preços despencassem e a qualidade sofrível do produto oferecido pelos cartéis fosse evidenciada. Em Sinaloa, os fazendeiros ligados ao tráfico pararam de cultivar cannabis porque simplesmente não valia mais a pena – o preço do produto caiu 70% (de 100 para 30 dólares).
Em entrevista ao Washington Post, um dos fazendeiros mexicanos afirmou que, “não vale mais a pena plantar. Eu queria que os americanos parassem com a legalização.”
O agente aposentado da DEA (agência antidrogas do governo dos Estados Unidos) Terry Nelson estima que entre 35 e 40% das receitas dos cartéis mexicanos advenham da maconha. Para ele, as recentes propostas de legalização vem prejudicando diretamente os interesses dos gangsteres mexicanos.
Não é difícil encontrar a lógica por trás de todos estes fatos. Durante anos, o estado, ao impedir que o cidadão comum entrasse neste mercado bilionário, protegeu os traficantes da concorrência, reservando o comércio de entorpecentes à psicopatas armados com milícias e detentores de conexões internacionais.
A entrada de concorrentes pacíficos no mercado, obriga os cartéis a abolirem suas práticas violentas e ineficientes ou enfrentarem a falência. Não existe vida fácil para empresário no mercado, nem para os que vendem maconha.
O Brasil e o mundo podem continuar protegendo os seus criminosos da concorrência e nos deixando cada vez mais inseguros ou, enquanto ainda há tempo, pode permitir que empreendedores abundem este mercado com plataformas seguras que reduzem os danos para a sociedade, polícia, estado, e usuários – como o Silk Road fez.
Ivanildo Santos Terceiro é Coordenador de Comunicações do Students For Liberty Brasil (SFLB).
Este artigo não necessariamente representa a opinião do SFLB. O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected] e [email protected]