A solução do governo é pior

A solução do governo é pior

tiny | 16 de fevereiro, 2016

Foto por Edilson Rodrigues/Agência Senado 

O artigo abaixo não trata de nenhum problema em particular, mas demonstra como qualquer tentativa de usar o estado para resolver problemas sociais irá falhar.

Provavelmente a sociedade está pensando em como resolver o último problema social que apareceu, entretanto, a solução governamental traz ainda mais problemas. Precisamos aprender com os erros do passado e reconhecer que, mesmo neste novo assunto,não há uma boa maneira com a qual os agentes do governo possam corrigir a situação. Em vez disso, temos de contar com os mecanismos disponíveis em uma sociedade livre. Eles podem resolver o problema melhor do que qualquer organismo centralizado.

A primeira falha na mais recente solução proposta pelo governo é a de conhecimento. No clássico ensaio de Friedrich Hayek “O Uso do Conhecimento na Sociedade“, ele responde porquê das soluções centralizadas simplesmente não funcionarem, mesmo no mais recente problema enfrentado pelo mundo: existem muitos detalhes relevantes para um planejador descobrir.

Há tantos aspectos e facetas nas formas como as pessoas interagem com as coisas relacionadas com os mais desafiadores problemas sociais da atualidade, que seria impossível descobrir as informações que já sabemos serem exigidas para a implementação da política, esqueça as informações que ainda não sabemos e vamos precisar.

Em vez disso, devemos deixar os indivíduos em uma sociedade livre descobrirem a melhor solução. Provavelmente, eles não precisarão que alguém mande para que seus próprios problemas sejam corrigidos, e se existir uma solução boa o suficiente não será necessário forçá-la sobre os afetados pelo problema, eles provavelmente já a estariam implementando.

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Para encontrarmos uma boa solução, precisamos de muitas pessoas testando muitas técnicas. Precisamos do empreendedorismo para descobrir a melhor solução e superar o problema. A arrogância do planejamento centralizado não vai salvá-lo da sua própria ignorância.

A segunda questão importante na condução proposta pelo governo da situação são os incentivos que os responsáveis por tal condução têm. Muito provavelmente, os responsáveis pela nova política não serão membros das comunidades que serão impactadas. Quando muito, serão capangas politicamente favorecidos por algum burocrata. Elinor Ostrom, em seu livro Governing the Commons, explora a relação entre a proximidade das instituições com as comunidades e a eficácia de suas soluções.

Não é novidade que, quanto mais distantes da comunidade controlada são os responsáveis pelo arranjo social, menos inclinados estão a fazer um bom trabalho. Uma vez que os aplicadores da solução proposta pelo estado provavelmente não sentirão as repercussões sociais do fracasso, é improvável que se esforcem muito para fazer bem o seu trabalho.

Este estudo de incentivos que agentes políticos enfrentam é também o tema principal da obra de James Buchanan e Gordon Tullock, autores de The Calculus of Consent e pesquisadores inovadores na teoria da escolha pública. Eles nos levam a perguntar que incentivos econômicos existem para formuladores de políticas e executores. Dado que os governos raramente vinculam o pagamento dos trabalhadores ao sucesso do seu trabalho, parece que a solução proposta pelo Estado tem perspectivas reduzidas de uma aplicação efetiva.

Em vez disso, um mercado ou mecanismo de comunidade local pode ligar o sucesso de uma solução ao sucesso financeiro de seus implementadores. Quando os membros da comunidade local supervisionam, voluntariamente organizam comissões pagas pelas pessoas beneficiadas, os responsáveis pela solução de problemas têm boas razões para fazerem bem o seu trabalho: as pessoas que eles ajudam são seus empregadores. O mesmo pode ser dito de soluções de mercado. Os empresários só terão êxito se puderem fazer a vida de alguém tão melhor que o beneficiado julga apropriado melhorar a condição do empresário em troca.

Finalmente, há um problema moral com a solução que tem sido colocada diante de nós. Tratar as outras pessoas como meras ferramentas a serem utilizadas no processo de melhoria da sociedade, aos olhos de alguns planejadores centrais, ou mesmo aos olhos de uma grande maioria, é um grave erro. Não podemos ter uma visão tão míope do relacionamento com os demais seres humanos ao ponto de achar que a coerção é um meio aceitável para interagir.

Tratar as outras pessoas como meros objetos, como peças de um jogo de tabuleiro, não é apenas imprudente, mas injusto e revoltante. Como Murray Rothbard descreve em A Ética da Liberdade, o único tipo de solução que é apropriada para nós, criaturas racionais, capazes de dignidade e respeito, é uma organizada voluntariamente, resultado da cooperação e do discurso.

Ignorância, incentivos, e imoralidade são os três problemas com esta mais recente solução da esfera política para os problemas sociais modernos. O estado simplesmente não pode dar uma resposta que seja aceitável. Em vez disso, devemos deixar as pessoas encontrarem suas próprias soluções, ajudando-as o quanto pudermos, mas sem forçar nada sobre elas. Os povos livres encontrarão suas próprias soluções para os seus próprios problemas, e se nós queremos ajudar, podemos fazer isso sem o governo.

// Tradução de Ana Rachel Gondim


Este artigo não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected].

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