Ivanildo Santos Terceiro | 21 de julho, 2017
Luiz Augusto Pereira sentiu a crise como ninguém. Se não ficou fácil nem para quem era diplomado, ter completado apenas a oitava série selou o destino de Luiz. Quando todo o país ficou mais pobre, ficou praticamente impossível suas habilidades superarem os custos impostos pela legislação trabalhista. Em pouco tempo, o desemprego o atingiu e as esperanças de alimentar sua família desapareceram.
Há não muito tempo, Luiz teria virado estatística e se somado aos milhões de desempregados no país, mas uma pequena ilha de liberdade foi seu porto seguro. Depois de instalar um ar-condicionado no seu Corsa vermelho, ele virou um motorista na plataforma do Uber. A atividade já o sustenta há 3 meses e vem garantindo o pão da sua família.
Luiz não é o único. O ex-vendedor de carros Pedro Augusto Vizelli, 62 anos, foi aposentado pela baixa repentina na venda de automóveis no país. Para complementar a renda, passou a fazer seu horário dentro do Uber e garantir conforto financeiro para seus familiares.
Isso só é possível pela baixa barreira de entrada da plataforma. Como não há vínculo empregatício entre os motoristas e a Uber, a companhia aceita qualquer um que atenda os seus pré-requisitos. Uma boa oportunidade para quem teve poucas oportunidades de estudar ou precisa de flexibilidade.
Para alguns especialistas, o modelo é ruim. O jornalista americano Steven Hill, autor do livro Raw Deal: How the Uber Economy and Runaway Capitalism Are Screwing American Workers acredita que a economia uberizada precisa de regulamentação e restrições.
Petronio Lima, 40 anos, e motorista na plataforma não gosta da ideia. “Se não tivesse o Uber, ia fazer o quê? Vender água no farol”. No Uber há 8 meses, ele faz Direito pela manhã, trabalha durante a tarde, e complementa a renda rodando dois finais de semana por mês, um arranjo sem precedentes na CLT
Ivanildo Santos Terceiro é Coordenador de Comunicações do Students For Liberty Brasil.
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