Um pequeno guia para Joaquim Nabuco

Um pequeno guia para Joaquim Nabuco

31 de março de 2017

Foto:Pedro Celso Cruz de Souza

“Eduquem os seus filhos, eduquem-se a si mesmos, no amor da liberdade alheia.” – Joaquim Nabuco

Quem é Joaquim Nabuco? 

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, nascido em Recife no dia 19 de agosto de 1849. Formado pela Faculdade de Direito de Recife, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. No dia de seu nascimento é comemorado o Dia Nacional do Historiador. Além de jurista, Nabuco exerceu as carreiras de político, diplomata, historiador, orador e jornalista. Veio a falecer em 17 de janeiro de 1910 em Washington.

Por que Joaquim Nabuco foi importante?

Oriundo de uma família escravocrata, Nabuco foi um forte militante na causa da libertação dos escravos. Filho do jurista José Tomás Nabuco de Araújo Filho, juiz dos rebeldes da Revolução Praieira e de Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo, irmã do Marquês do Recife.

Quando atribuído de posição política, Nabuco teve como plano de campanha a luta abolicionista. Na Câmara dos Deputados, no seu primeiro mandato, fez campanha contra a escravidão e em legislaturas posteriores. Como líder da bancada abolicionista fundou a Sociedade Antiescravidão Brasileira. Nabuco foi o principal nome e fundador do movimento abolicionista brasileiro.

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Entre os anos de 1905 e 1910 serviu como embaixador nos Estados Unidos, onde difundiu a obra de Camões, Lusíadas, realizando três conferências em inglês sobre o poema. Posteriormente sendo traduzidas para o português por Artur Bomilcar.

Nabuco atribuía à escravidão a responsabilidade por grande parte dos problemas enfrentados pela sociedade brasileira. Acreditava que a abolição não ocorresse de forma abrupta ou violenta, mas que fosse introduzida na consciência nacional acompanhada dos benefícios que resultariam desse acontecimento na sociedade. Defendia, portanto, que o trabalho servil fosse suprimido antes de qualquer mudança no âmbito político.

Adam Smith desenvolveu a Teoria dos Sentimentos Morais. Essa teoria basicamente se designava ao indivíduo colocar-se no lugar do outro que sofre um abuso e/ou sofrimento. Basicamente é a empatia que nos caracteriza como humanos. Há um relato de que um jovem negro fugiu e buscou auxílio aos pés da tia de Nabuco, ele suplicava para que ela o comprasse, pois este não aguentava mais os castigos a que era submetido pelo antigo “dono”. Nabuco, inspirado pela teoria de Smith, foi acometido pelo processo de empatia, se colocando na situação que o jovem negro se encontrava, de imaginar as angústias e sofrimentos que ele passou e antes de elaborar a sua luta contra a escravidão, a luta sistemática, se solidarizou primeiro ao que era próximo.

Anos após visitou um cemitério de escravos, e em suas covas respeitava as ossadas ali despejadas, as tratava com respeito e se declarava a elas pelos seus respectivos nomes.

Nabuco conclui: “Foi assim que o problema moral da escravidão se desenhou pela primeira vez aos meus olhos em sua nitidez perfeita e com sua solução obrigatória”.

Crítico sobre a posição da Igreja Católica em relação ao abolicionismo, chamando-a de “a mais vergonhosa possível“, pelo fato de nunca ter tomado partido pelos escravos, tendo completado com “A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação“.

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Ao lado de Ruy Barbosa, outro importante jurista libertador brasileiro, assumiu a luta pela liberdade religiosa no Brasil, que na época tinha como oficial a religião católica. Juntos defendiam a separação entre o Estado e Religião, bem como a laicidade do ensino público.

Em discurso pronunciado em 29 de abril de 1879 sobre a então debatida Reforma Constitucional, Nabuco expressou a sua visão dinâmica sobre a interpretação constitucional, algo extremamente avançado para a época, e que ainda nos dias de hoje provoca debates, nos seguintes termos:

A nossa constituição não é imagem dessas catedrais góticas edificadas a muito custo e que representam no meio da nossa civilização adiantada, no meio da atividade febril do nosso tempo, épocas de passividade e de inação; a nossa constituição é pelo contrário, de formação natural, é uma dessas formações como a do solo onde camadas sucessivas se depositam; onde a vida penetra por toda a parte, sujeita ao eterno movimento, e onde os erros que passam ficam sepultados sob as verdades que nascem.

A nossa constituição não é uma barreira levantada no nosso caminho, não são as tábuas da lei recebidas dos legislador divino e nas quais não se pode tocar porque estão protegidas pelos raios e trovões… Não, senhores.

A nossa constituição é um grande mecanismo liberal, e um mecanismo servido de todos os órgãos de locomoção e de progresso, é um organismo vivo que caminha, e adapta-se às funções diversas que em cada época tem necessariamente que produzir.

Sendo filiado ao Partido Liberal, Nabuco concluiu com o seguinte pronunciamento:

Senhores, era o partido conservador que devia tomar as dores pela constituição e desejar que ela fosse o monumento de uma língua morta, uma espécie de Talmude, cujos artigos pudessem ser opostos uns aos outros pelos intérpretes oficiais.

Principais Obras de Joaquim Nabuco

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