Coordenadores do SFLB criam projeto para acompanhar trabalho de vereadores de Linhares, Espírito Santo

Coordenadores do SFLB criam projeto para acompanhar trabalho de vereadores de Linhares, Espírito Santo

Luan Sperandio | 17 de julho, 2017

Daniel Toniato Martinelli, 20, é coordenador local do Students For Liberty Brasil (SFLB) e acadêmico de direito pela Faculdade de Ensino Superior de Linhares no Espírito Santo. Além de ser responsável pelo grupo de estudos Águas Livres, coordena junto com outros dois amigos, Felipe Rigoni e Pedro Henrique Barbosa Stein, o projeto “Direto da Câmara”, em que comparece as sessões na Câmara Municipal de sua cidade e produzem vídeos resumindo para toda a população o que seus vereadores vem fazendo. Nesta entrevista, ele nos conta mais sobre esse projeto, e espera que a ideia inspire outras pessoas no país.

SFLB: Como surgiu o projeto “Direto da Câmara” e qual o objetivo?

DTM: É importante ressaltar que o idealizador do Direito da Câmara é o Felipe Rigoni, que foi candidato a vereador no município de Linhares/ES no ano passado. Uma das promessas de campanha do Felipe foi a produção de vídeos resumindo as sessões na Câmara de vereadores, visando uma relação mais próxima com o eleitor linharense.

No fim do período eleitoral, o Felipe infelizmente acabou não sendo eleito. Porém, percebeu-se que não era necessário ser eleito para produzir vídeos resumindo as sessões da Câmara, bastava-se apenas capital humano disposto a contribuir e uma câmera de telefone celular.

Assim nasceu o Direto da Câmara, um projeto inicialmente constituído por meio de uma promessa de campanha que adquiriu novos contornos, mas com o mesmo objetivo, que é informar o cidadão linharense de maneira não ideológica e imparcial, apenas detalhando os trabalhos ministrados pelos Vereadores, diante das recorrentes bizarrices que são aprovadas e integradas ao ordenamento jurídico pátrio nas câmaras municipais do Brasil afora sem conhecimento do eleitor, deixando ao bom juízo deste formar sua opinião á respeito do que foi debatido e aprovado.

SFLB: Como vocês estruturam o trabalho?

DTM: Por ora, a estruturação do Direto da Câmara é bem simples, em função do número pequeno de integrantes que a iniciativa possui. O trabalho consiste em ir até a Câmara municipal de Linhares, acompanhar a sessão, anotar tudo em uma simples folha de caderno, e no encerramento nós gravamos um vídeo resumindo tudo o que foi discutido pelos vereadores através de um telefone celular.

SFLB: O alcance das análises semanais de vocês tem atraído o interesse de muitas pessoas além de Linhares. Você tem esperança de que surjam outros projetos semelhantes em outras cidades?

DTM: A priori, o alcance das publicações concentram-se no município de Linhares. Todavia, eu tenho o hábito de divulgar nos grupos de lideranças Liberais que residem em diversas cidades e estados. O objetivo direto é adquirir um número maior de curtidas e compartilhamentos, e, indiretamente estimular a gênese de iniciativas similares pelo país, de certa forma o projeto já apresenta sinais de êxito, algumas pessoas já vieram conversar comigo sobre o Direto da câmara.

Recentemente fui indagado sobre as responsabilidades derivadas do projeto, a resposta foi surpreendente para alguns. São apenas 2 horas em média por semana que eu dedico para ir até a câmara e ajudar a gravar. Uma iniciativa simples, cidadã, e que possui potencial de expansão extremamente agressiva, diante da carência de mecanismos ágeis com capacidade de informar o cidadão sobre as discussões no âmbito do legislativo municipal.

Leia também

SFLB: O que te chamou atenção até aqui na atuação dos parlamentares?

DTM: Na sessão do dia 24/04/17 eu completei minha 4ª participação no Direto da Câmara. Antes de começar a fazer parte do projeto, nunca tinha acompanhado os trabalhos na câmara de forma presencial. Dito isso, minha opinião, por ora, pode estar equivocada, mas vejo que até então os vereadores da câmara de Linhares apresentam um número significativo de Projetos de Lei que são manifestamente inconstitucionais ou que já são leis no âmbito estadual ou federal, tornando as discussões repetitivas e desnecessárias.

Outro fator que é importante destacar no tocante a atuação dos Vereadores da Câmara de Linhares é que até agora eu não presenciei um projeto de lei que não tenha sido aprovado por unanimidade. Para alguns isso pode significar uma base legislativa sólida em prol do município, mas para outros (filio-me a esse entendimento) pode significar sinais de padecimento de um ecossistema democrático, afinal de contas, não existe democracia sem oposição.

SFLB: Por que o cidadão comum não acompanha seus políticos?

Daniel apresenta seu projeto no Encontro de Grupos promovido pelo SFLB

DTM: Preguiça (risos) e a crescente onda de rejeição aos partidos políticos. O cidadão médio não possui uma cultura de acompanhar e fiscalizar quem governa ou legisla, às vezes pela falta de tempo e cansaço após um dia de trabalho. É uma justificativa aceitável, e é dessa perspectiva que surge o Direito da Câmara. Ao invés do cidadão se deslocar até o centro da cidade e assistir uma sessão de em média 2 horas, ele pode em 6 minutos se informar de tudo o que foi debatido, de forma completamente imparcial, por intermédio da ferramenta mais revolucionária que se tem notícia: a internet.

No que se refere à rejeição a política partidária, é um conceito autoexplicativo. Não é segredo que o país atravessa uma crise política em que os maiores partidos do país possuem envolvimento direto com escândalos de corrupção em empresas estatais, isso consequentemente retira o leque de opções da população de reformar os ocupantes dos espaços de poder, devido à carência de lideranças e partidos com propósitos bem definidos e boas intenções.

Diante do exposto, todos esses elementos contribuem para uma baixa participação da população na política local.

SFLB: Em que o SFLB te ajudou para possibilitar o projeto?

DTM: Recentemente participei de um encontro de grupos promovido pelo SFLB em BH, representando o Clube Águas Livres, que é constituído por um grupo de estudantes liberais que residem em Linhares. Naquela ocasião, eu apresentei um projeto de impacto local inspirado pelo Direto da Câmara, mas que seria revestido de opinião e não de maneira imparcial. Quando voltei pra Linhares estava determinado a colocar o projeto em prática, ciente das dificuldades em adquirir capital humano que o projeto ensejava.

Em função disso, conheci um dos atuais integrantes do Direto da Câmara na apresentação do Partido Novo que ocorreu na cidade, que estendeu o convite para participar da iniciativa, e aceitei fazer parte da equipe, logo, senti que era mais viável naquele momento filiar-me a um projeto similar do que começar do zero. Contudo, o SFLB teve o papel fundamental de efetivamente expor uma gama de entidades e pessoas que estão empenhadas em lutar pelas ideias de liberdade no Brasil inteiro, proporcionando diversas oportunidades de crescimento pessoal dos indivíduos que compõe os quadros de coordenadores locais, bem como aprimorar os instrumentos necessários à manutenção do regime democrático em um país tão instável politicamente.


Esta entrevista não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected]

Volte para o blog

Comments are closed.

X